Arquitetura e patrimônio: estratégias de preservação em sítios protegidos pela UNESCO

A arquitetura, por assim dizer, possui duas frentes de ação: uma que presa pela permanência e outra pela efemeridade. Definida por suas condições materiais, a arquitetura e forma como construímos nossos edifícios se reflete também nas estruturas que nós, como humanidade, decidimos preservar para o futuro. Promovendo a cooperação internacional nas áreas da educação, arte, ciência e cultura, a UNESCO é uma organização comprometida a preservar os principais locais de memória e de importância histórica para a humanidade. À medida que a arquitetura, assim como as paisagens naturais e urbanas encontram-se cada dia mais ameaçadas pelas crises sociais, econômicas e climáticas, debatermos a importância da preservação de sítios arqueológicos e lugares da memória para o futuro tornou-se mais urgente que nunca.

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© Emre Dörter

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, UNESCO, é uma instituição que acima de tudo presa pela paz no mundo através da cooperação internacional nas áreas da Educação, Ciência e Cultura. Conforme definido nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, adotada na Assembleia Geral da ONU de 2015, “a paz mundial deve estar fundamentada no diálogo e na compreensão mútua entre as nações”. Isso significa dizer que “a paz deve ser construída sobre a solidariedade intelectual e moral entre toda a humanidade”. Neste contexto, Patrimônio Mundial se refere a todos os marcos ou áreas protegidas pela convenção internacional administrada pela UNESCO, os quais são designados por sua significância cultural, histórica ou científica. Dito isso, apresentaremos a seguir uma lista de projetos de arquitetura recentemente construídos junto a alguns dos mais importantes e simbólicos sítios declarados Patrimônio Mundial pela UNESCO, cada um explorando novas formas de promover a conscientização sobre a importância de sua preservação para o futuro.

Pavilhão de Entrada de Persépolis / theAlliance

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© Deed Studio

O Pavilhão de Entrada de Persépolis é um volume multifuncional com 200,00 m², localizado na entrada do famoso Patrimônio Mundial da UNESCO do Irã, Persépolis. O processo de localização de formas foi guiado por um algoritmo de modelagem indireta, que lida com linhas axiais do espaço em seu núcleo, desenvolvido pela equipe theAlliance, que orienta indiretamente a localização de formas e a geometria. Por meio dessa estratégia, as "superfícies mediais" foram derivadas do controle de linhas axiais, eliminando o controle direto sobre a geometria da superfície.

Centro de visitantes Giants Causeway / Heneghan Peng Architects

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© Hufton+Crow

O projeto está localizado na linha do cume da costa norte de Antrim na porta de entrada para o Património Mundial da UNESCO. A proposta para as novas instalações para os visitantes pode ser entendida como duas dobras na paisagem. Uma dobra para cima revelando o edifício e a segunda dobra para baixo para formar o estacionamento e protegê-lo da vista da estrada de acesso e caminho do litoral. Entre as duas dobras, uma rampa leva à linha do cume costeira que é restaurada nesta localização.

Museu e Entrada da Indústria Perlífera / Valerio Olgiati

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© Archive Olgiati

O terreno contém ruínas que fazem parte da Indústria Perlífera da UNESCO. Todo o edifício funciona como entrada para o patrimônio cultural e foyer da medina. É uma sala urbana para o povo de Muharraq com a escala de um parque público. Elementos de concreto são colocados ao longo do limite da propriedade para formar um novo locus na cidade densa. Um grande espaço é criado no qual uma floresta de colunas e torres eólicas segura uma laje horizontal a 10 metros acima do solo.

Visitor Center UNESCO World Heritage Site Kinderdijk / M& DB Architecten

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© Ossip van Duivenbode

Kinderijk é uma das principais zonas de moinhos de vento na Holanda. Declarado Patrimônio Mundial da UNESCO em 1997, o conjunto paisagístico de Kinderdijk conta hoje com um novo Centro de Visitantes, o qual encontra-se implantado parcialmente sobre a superfície d'água, compondo perfeitamente a longa linha horizontal que corre ao longo do canal. Formalmente, o projeto do Centro de Visitantes de Kinderdijk procura organizar os diferentes fluxos de visitantes—estabelecendo uma linguagem arquitetônica sutil que ressalta as principais características da paisagem natural.

Tourist Office of Blaye / Gayet-Roger Architects

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© Arthur Pequin

A nova oficina de turismo de Blaye encontra-se situada em frente ao acesso principal junto a cidadela de Vauban, Patrimônio Mundial da UNESCO. O uso da pedra local como elemento construtivo foi uma escolha óbvia para os arquitetos responsáveis pelo projeto, em uma basca por estabelecer um diálogo entre o edifício e seu contexto histórico. Desta forma, a estrutura da oficina de turismo de Blaye se insere com requinte e convicção junto a antiga malha urbana da cidadela de Vauban.

UNESCO World Heritage Site Cloister Lorsch / Topotek 1

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© Hanns Joosten

A Abadia de Lorsch, implantada no estremo sul da região de Hesse, Alemanha, foi listada como Patrimônio Mundial no ano de 1991. A primeira construção no local, o mosteiro de Altenmünster, remonta ao tempo do reinado de Pippin, o Curto. À medida que o mosteiro ganhava influência espiritual e econômica, a abadia foi sendo ampliada junto a enorme duna glacial que domina a paisagem até assumir a forma como a conhecemos hoje. Neste sentido, o complexo da Abadia de Lorsch tornou-se um importante centro de memória da antiguidade e até hoje permanece sendo um eminente destino de peregrinação.

Museum of Troy / Yalin Architectural Design

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© Emre Dörter

A zona arqueológica de Tróia inscrita na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO no ano de 1998, principalmente por sua importância histórica como um valioso sítio arqueológico por onde passaram e floresceram distintas civilizações ao longo de seus mais de 4000 anos de história. A cidade de Tróia teve uma influência significativa no desenvolvimento da civilização europeia, seja nas artes como na literatura. Pensando nisso, o Museu de Tróia foi fundado com a principal intenção de celebrar a importância deste marco histórico da humanidade e de forma a contar a rica história do lugar em relação ao seu contexto natural, cultural, artístico e arqueológico.

Salt Museum / Malcotti Roussey Architectes + Thierry Gheza

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© Nicolas Waltefaugle

Fechada desde 1962, a salina de Salins-les-Bain foi um importante local de produção de sal desde a Idade Média, implantada em pleno coração da cidade francesa de Franche Comté. Quando as autoridades locais decidira lançar um concurso público de arquitetura para o restauro das salinas de Sallins-les-Bain, em 2006, estava clara a intenção de transformá-la em uma importante instituição cultural. Declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO, as salinas no entanto não devem a sua fama ao museu instalado no local, mas principalmente à beleza e a importância histórica do local.

Centro de Visitantes Desert X AlUla / KWY.studio

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© Colin Robertson

Algumas das estruturas mais predominantes em Al Ula são plantações de tâmaras muradas, geralmente de forma rectangular e com grandes portões axialmente alinhados. Com as copas das palmeiras a espreitar por cima dos muros cor de areia, podemos imaginar sombra refrescante no seu interior um lugar onde se pode descansar da aridez do deserto árido circundante. Não muito longe de Al Ula fica Hegra, o primeiro lugar designado Património Mundial da UNESCO na Arábia Saudita pelos monumentais túmulos escavados na rocha. O Visitor Centre é um simples edifício quadrangular, cuidadosamente implantado à entrada do Hidden Canyon para receber os visitantes da primeira exposição Desert X Al Ula.

Sobre este autor
Cita: Baldwin, Eric. "Arquitetura e patrimônio: estratégias de preservação em sítios protegidos pela UNESCO " [Architecture & UNESCO: Rethinking Preservation and Cultural Heritage] 19 Dez 2021. ArchDaily Brasil. (Trad. Libardoni, Vinicius) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/972251/arquitetura-e-patrimonio-estrategias-de-preservacao-em-sitios-protegidos-pela-unesco> ISSN 0719-8906

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